Todas as propriedades
Bem cobertas de madeira
Árvore de todos os tipos
Era angico e aroeira
Baraúna e cumaru
Mororó e caibreira
Havia o xiquexique
O cacto da região
Macambira e caruá
P’ra fazer corda e cordão
Umbuzeiro havia muito
Até para alimentação
Mesmo o cedro havia ali
Madeira de nobre valor
Quando as árvores floresciam
Atraíam o beija-flor
Tinha muito malmequer
E jurema-do-caçador
Havia muito cacto
Também chamado facheiro
Por todo canto se via
O lastro de marmeleiro
Havia mandacaru
Com o nome de cardeiro
A vegetação que havia
Não se pode imaginar
Tinha o capim pé de pato
Para o gado alimentar
Milhã e outros capins
Que escondiam preá
Catingueira era demais
Nela nascia a orelha
Dentro dela era oco
Onde morava a abelha
Carrapicho e pega-pega
Que grudava na ovelha
Tinha muito mussambé
E frutas de trapiá
Muita batata-de-purga
P’ra quem quisesse tomar
E também muita urtiga
P’ro beija-flor aninhar
Ramagem de jetirana
E frutinhas de juá
A pimenta malagueta
Pr’a quem quisesse esquentar
Tudo que plantasse ali
Com certeza iria dar
O rio dava enchentes
Que fazia admirar
Era barreira a barreira
O povo dentro a nadar
Era uma festa linda
Boa de se apreciar
Quando passava a enchente
Descobria a ribanceira
Ficava tudo adubado
Se fazia sementeira
Batata e jerimum
E muita carrapateira
Formava também muito poço
O peixe se acumulava
De tarrafa ou jereré
Juntava gente e pescava
Peixe não era vendido
Chamava o vizinho e dava
Era tudo em comum
Não havia ambição
Trabalhavam e brincavam
Sem haver perturbação
Tudo de boa vontade
Tudo de bom coração
No rio tinha “piaca”
Que até o gado comia
Tinha tanto camarão
Que você não avalia
Tinha uma tal de “cruca”
Que pescador não vencia
Essa cruca que se fala
Dentro das pedras morava
Ali mesmo ela crescia
Logo se multiplicava
Podia pescar à vontade
E cruca nunca faltava
Piaba e peixe rei
Acará, sabararu
Aratu e aratanha
Cobra d’água e muçu
E o maior camarão
Era o pitu Açu
O rio era uma fonte
De recurso e provisão
Valia a pena se ver
Ali muita plantação
Em benefício de todos
Sem nenhuma distinção
No rio Paraibinha
P’ra quem queria pescar
A pedra do roncador
Era o melhor lugar
O peixe vinha de cima
E caía no puçá
À noite se reuniam
De facho aceso e puçá
Comadre chamando a outra
O esporte é fachear
Era o facho do facheiro
Caminha a alumiar
Enquanto existia a mata
Muito bicho ali vivia
Era uma boniteza
A natureza em folia
Difícil de acreditar
P’ro povo de hoje em dia
Presentes na natureza
Viviam ali os bichinhos
Mesmo grilo e gafanhoto
Comida de passarinho
Bichos que moram na toca
Outros que moram no ninho
Haviam tantas espécies
De causar admiração
Era grande a quantidade
E tipos de gavião
E “arribação” comendo
A semente do pinhão
A coruja em alta noite
Com seu triste cantar
Passava o “rasga mortalha”
Que era auguro e azar
A sariema correndo
E voando o carcará
Nesse reinado animal
Tinha mocó e preá
E também o punaré
Todos vendo ele passar
Apanhado no quixó
Por quem não pôde atirar
Também vi inambu pé roxo
E também o codorniz
Rola branca e cascavel
Cantando p’ra se ouvir
É muito bom de lembrar
Como era aquilo ali
Tanto galo da campina
A juriti e o cancão
Que revoava em bando
Procurando o seu melão
O melão de São Caetano
Era sua alimentação
Via muito anum preto
Que tirava o carrapato
Pegado nas vacas magras
Escondidas lá no mato
E também o anum branco
Presentes no mesmo fato
Corria gato do mato
O mesmo maracajá
Do bem e do pequeno
Uma atração do lugar
Pintado e muito bonito
Dá vontade de criar
Muita cobra cascavel
Salamanta e Jararaca
Que são cobras venenosas
Se facilitar ela ataca
Se não curar com urgência
Fica no brejo da vaca
Havia papa-capim
Canários e periquito
O periquito ganga
Cantando muito bonito
E entre todos os bichos
Tinha também o caxito
Ali brigando com a cobra
Eu vi teju Açu
Tinha guará e raposa
Camaleão, canguru
E os dois mais perseguidos
Tamanduá e tatu
De toda essa beleza
Que até aqui foi falada
À tardinha ainda via
Espetáculo da jornada
Os bandos de papagaio
Que passavam em revoada