A resistência ou incompreensão dos motoristas brasileiros com a nova lei que obriga o uso do farol baixo em rodovias remete para uma questão muito mais complexa, e egoísta: apenas o que afeta ou ajuda diretamente o motorista é o que lhe importa.
Manter o farol aceso não melhora a visibilidade ou dirigibilidade de quem dirige, mas ao outro. E assim sendo, não é importante. O farol aceso alerta os demais motoristas, pedestres, motociclistas e ciclistas e lhes provê maior segurança.
Se observarmos outros comportamentos do “ser” atrás da direção, veremos que há um padrão estabelecido. Para quê usar a seta, se ela apenas alerta o outro que eu mudarei de faixa ou dobrarei na próxima esquina? Ao ver um carro usar a seta para mudar de faixa ou entrar em uma conversão… ah.. claro, vou acelerar, porque sou mais importante, tenho mais pressa, e os 3,35 segundos que ganharei no meu percurso farão diferença. Posso estacionar em fila dupla, ou atrás de outro veículo em um estacionamento não é problema – porque vou demorar apenas 15 minutos, e o outro que espere um pouquinho…
Falando em estacionar… azul é minha cor! Claro, porque as vagas em azul, reservadas a pessoas com necessidades especiais e idosos, sempre estão mais perto da entrada do meu destino, na entrada da loja ou shopping. Ah, o azul. Sempre gostei, desde pequenino.
O que o motorista umbigocêntrico (a grande maioria, infelizmente) não percebem é que, com este comportamento, apenas uma pessoa cuida dele: ele mesmo. Apenas ele é quem realiza ações que garantam segurança e atenção em seu trajeto.
Porém, se todos dirigissem com um pensamento inicial em preocupar-se com o outro (aquele… no carro ao lado, que só lembramos que existe na hora de xingar), cada motorista teria, no mínimo, 3 pessoas cuidando da sua segurança: o do carro ao lado, o do veículo atrás, e aquele à frente (normalmente o alvo dos xingamentos). No mínimo 3… na prática, todos atrás, o de trajeto contrário, aquele ainda estacionado…
Para nossa infelicidade, insegurança, e indignação, não é apenas atrás da direção que a grande maioria mantém seus faróis apagados…. e age com este equivocado princípio do adotar ações apenas quando me beneficiam.