Hoje pela manhã ouvi na CBN, durante uma entrevista com Rodrigo Cogo sobre storytelling, uma expressão que resume um mal que nos acomete, e com a qual me identifico: obesidade de informação.
Não dá tempo de digerir tanta informação – e ela se acumula gerando um nível alto de colesterol mental (irritabilidade ou stress). Mesmo que você mastigue lentamente para uma melhor digestão da informação, há muita informação que é lixo – gordura trans, doces e guloseimas, que apesar de gostosos, fazem mal à mente quando em excesso.
Recebemos uma carga enorme de informação ao longo do dia – do panfleto imobiliário entregue no sinal, passando pelos outdoors, propagandas no rádio do carro, até o bombardeio (já antigo conhecido nosso) que recebemos na televisão.
Mas, o que realmente tem me “engordado” são as informações das mídias sociais. Informações, desinformações, fotos, textos, vídeos.
Você pode estar pensando: a gente escolhe o que quer ler. Será?
No caso do Facebook e do Google o bombardeio de propagandas e artigos “promovidos” de acordo com seu perfil de navegação atropelam nossa autonomia. Por outro lado, resistimos em deixar de seguir algumas pessoas, grupos e páginas porque queremos acompanhar um familiar ou amigo, ou porque o grupo e a página têm (na maioria dos casos) um conteúdo relevante.
Mas, há sempre quem marque aquela pessoa em uma publicação absolutamente desconexa, ou quem publique no grupo um texto sobre algo totalmente fora do tema ou contexto.
Ok. Então você deve argumentar: a gente escolhe quando quer ler. Será?
Até pouco (muito pouco) tempo atrás conseguíamos escolher o momento de acessar este turbilhão de informações – pelo menos aquelas online. Mas, com a popularização do celular e facilidade de acesso à dados tudo ficou ao alcance da mão.
Ah o WhatsApp. Grupos e mais grupos… milhões de correntes, textos, fotos, vídeos. Uma vez mais, poderíamos escolher de quais grupos participar. Mas, mesmo em grupos profissionais ou cujo tema é específico as pessoas insistem em encaminhar informação que não é relevante, para ser educado na caracterização desta informação. Acabamos ficando no grupo porque precisamos da “boa” informação que ali é publicada.
Em muitos casos, as pessoas encaminham os textos (no WhatsApp ou outras mídias como Facebook) ou emitem uma opinião sem sequer ter lido aquilo que encaminhou ou comentou. Geraldo, meu pai, já havia escrito sobre isso há 2 anos atrás no artigo A solapa nas redes sociais.
Em relação ao quando (poderíamos escolher quando olhar o WhatsApp e outros aplicativos no celular), diversos estudos em universidades de renome apontam que nos comportamos socialmente por imitação, consciente ou inconscientemente, como uma forma de sermos aceitos. Basta usar aí o Google no seu celular que você encontrará um “zilhão” de artigos.
Responder rápido à uma mensagem enviada, mesmo que para enviar um , é condição sine qua non para ser visto como uma pessoa sociável. No mínimo, em uma mensagem direta, o remetente vai achar que você está com raiva dela(e) se você demorar a responder.
O mais curioso é que, o que eu menos recebo no meu celular são ligações telefônicas (alguém havia profetizado isso há alguns anos atrás).
Então, como resultado desta reflexão, vou fazer uma dieta e, em conjunto, fazer exercícios para queimar calorias e reduzir o colesterol. A dieta? Ligar o modo avião do celular nos momentos que preciso me concentrar para produzir, ou simplesmente que queira descansar. Exercícios? Meditar, para limpar a mente e queimar as informações calóricas e prejudiciais.
P.S. Não me sinto no direito de dizer o que ou quando cada pessoa pode publicar informações, nem em categorizá-las. Apenas as classifico diante do meu próprio entendimento e prioridades. Mas, me sinto no direito de escolher o que ler, quando ler, e quando ligar o modo avião e me desconectar totalmente.